Tenho a felicidade de reviver a felicidade sempre que me sento à frente do computador a trabalhar. Uma parede cheia de fotografias da aventura que foi o dia passado, no último verão, na ilha de Ons, na Galiza. Ainda que também tenha outras tantas guardadas das maravilhosas ilhas Cies. Mas as de Ons são especiais. Não porque andei dias e dias a sonhar com aquela fabulosa cor de mar, aquela paz interior que ali senti e vivi. Mas, sim, porque vi a felicidade estampada no rosto do meu filho, na altura com apenas três anos, por estar a encarnar a pele de um pirata, imaginando-se de pala preta num dos olhos, empunhando na mão um mapa que uma das guias lhe deu para encontrar um tesouro. E encontrou-o? Já lá vamos.
Desde que embarcou nesta viagem, ele tinha um sorriso de orelha a orelha e uma expressão no olhar de alegria extrema e aventureira. Pulou de alegria no barco durante a pouco mais de meia hora de viagem enquanto eu ficava um bocado em sobressalto quando o barco balançava um pouco mais acompanhando as ondas mais agitadas e a pressa que o marinheiro ao leme levava.
Já em terra, comprou-me o "amuleto" que ainda hoje uso ao pescoço por amor a ele e até serve de adereço sempre que apresento o meu conto A Estrela Azul Chocolateira a outros meninos e meninas. Trilhámos os caminhos da ilha, não todos os que gostariamos por causa do intenso sol e calor. E nem a praia que parecia ser a mais bela de todas pudemos apreciar e fotografar com o olhar ou com a máquina fotográfica, porque lá está - estava cá um calor e o percurso a pé prometia ser longo.
Ele andou atrás de tudo quanto era bicho que se mexia na terra, e sujou-se de terra e mais terra, e rebolou na areia e molhou os pés e o resto do corpo num mar de uma cor tão bela, tão bela, que só mesmo estando lá para o ver.
E lá encontrou o tesouro no museu da ilha que guarda todo um acervo maravilhoso da cultura e tradições das gentes que ali viveram. Agora cada vez menos gente durante o ano. Mas, no verão chega um mar de gente que quer ser pirata por um ou mais dias como nós nesta paradisíaca ilha. Há quem até lá fique a dormir no parque de campismo ou nos quartos da oferta hoteleira que ali existe ou até nas poucas casas que ali estão erguidas. Suficiente será dizer que o rapaz não falou de outra coisa nos dias seguintes e ainda hoje pede para lá voltar. Fica a saudade e uma parede da sala cheia de fotos dessa fantástica viagem e da aventura que guardamos com carinho no coração!